plural

PLURAL: os textos de Atílio Alencar e Paulo Antônio Lauda

  • A idiotice burocrática
    Atílio Alencar
    Produtor cultural

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    Aburocracia é um veneno lento. Não necessita de força bruta para fazer desabar o mais obstinado dos cidadãos. Basta-lhe um arsenal de folhas de papel repletas de siglas indecifráveis, códigos enigmáticos, entrelinhas implacáveis. Ostenta um apetite insaciável por documentos carimbados, assinaturas com firma reconhecida, comprovações esdrúxulas da existência do sujeito que requer, no mais das vezes, apenas uma simples autorização para fazer o essencial: morar, estudar, trabalhar, receber o dinheiro que lhe devem.

    Pagar contas, em geral, prescinde de procedimentos complexos. Mas acessar um recurso a que se tem direito ou solicitar uma licença oficial pode custar a sanidade de quem tem os nervos fracos.

    O método burocrático é letal, infalível, cortante. E altamente contagiante. É um comportamento que se propaga como vírus, sem fazer distinção de classe social, religião ou ofício. Engana-se quem pensa que é exclusividade de funcionários públicos ou atendentes de tele-serviço. A própria ideia de civilização tem origem quando alguém munido de tintas e papiros convence a aldeia de que, sem sua autorização ou mediação, nada se move.

    A burocracia é a forma mais refinada de sadismo, e seus crimes acontecem completamente dentro da lei. A lei, aliás, a inventou.

    Não sei se há estudos sobre isso, mas caso não existam, registre-se aqui minha sugestão aos cientistas sociais e da psicologia coletiva: a influência da tortura burocrática na sensação de falta de sentido da vida contemporânea não deve ser modesta.

    A pobreza de espírito se revela facilmente no apego à burocracia. Os que gozam com a oportunidade de dificultar o elementar sofrem de um fetiche bizarro pelo exercício do poder miúdo. Justificam tudo com um indefectível "é assim que funciona", enquanto se regozijam em recusar a solicitação que veio com documentos fora da ordem prescrita. Sacrilégio é não seguir à risca a fórmula indicada; preencher de forma incorreta uma ficha de cadastro é um crime digno de repreensão severa, ou até de pena mais grave.

    Preste atenção em quem trata temas banais com a solenidade protocolar de um aduaneiro. Em quem interpõe exigências maquinais na relação com o outro. "Manda um e-mail" é o novo mantra dos adictos moderninhos da burocracia. Já os funcionários reais, aqueles que fazem do guichê da repartição pública o trono diante do qual nós - meros solicitantes perdidos entre números de PIS/Pasep e Espelhos de Cadastros Imobiliários - devemos nos curvar e implorar, parecem muito com aquele vizinho que, ao ser eleito síndico, deslumbra-se com a própria autoridade.

    Todo burocrata com poder de embargar a vida alheia é, digamos assim, uma chanceler alemã negociando com os gregos endividados. O que consola é constatar que, bem, amar os protocolos acima de tudo só pode ser um sintoma de idiotia. Embora quem faça o papel de idiota seja quem aguarda sua vez na fila, com a ficha numerada na mão.

    O Brasil nos trilhos novamente
    Paulo Antônio Lauda
    Cirurgião-dentista e 
    ex-professor da UFSM

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    Meus avós paterno e materno eram ferroviários. Nasci e cresci escutando histórias da ferrovia. Santa Maria foi um grande centro ferroviário. No Bairro Itararé, estavam abrigados a maioria desses funcionários (a partir do final do século 21). Daqui, partiam trens em todas as direções e funcionavam as oficinas da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, mais tarde, a Rede Ferroviária Federal. Eu continuo morando no Bairro Itararé. 

    Aliás, há muitos anos, foi construída uma malha ferroviária que ligava Santa Maria a São Paulo para transportar grande parte das riquezas entre sul e sudeste. Iniciava-se em Santa Maria e ia até a cidade paulista de mesmo nome que se localiza na divisa entre o Paraná e São Paulo. Talvez, por motivo de segurança nacional ou manutenção de interesses das concessões de malhas ferroviárias, não tinham a mesma bitola. Observem que este problema de bitolas existe até hoje no Brasil. A partir daquele ponto (Itararé), a bitola dos trens mudava. Então, as viagens do sul não estavam integradas à outras malhas de bitolas diferentes. 

    Hoje, no Brasil, há basicamente duas bitolas: a de 1m e 1,6m. Há, também, em redes de menor fluxo, uma bitola de 1,435 m (padrão Americano). Existem, ainda, bitolas 0,6 e 0,76, muito pouco usadas. As novas concessões estão tentando uma unificação de bitolas ou tornando-as mistas (três trilhos) para melhor integração da ferrovia; como Vitória-Minas, Carajás, a malha Paulista, o leilão da Ferrovia norte-sul, ferrovia de integração leste/oeste e o início das obras da ferrovia centro-oeste, que introduziram mais de R$ 30 bilhões no setor ferroviário. 

    Agindo assim, o governo federal, colocou novamente um fermento na indústria ferroviária brasileira. Por incrível que pareça, existe malhas que o governo precisou investir muito em pontes, dormentes e bitolas mistas para tornar mais apetitosa a concessão, que ao serem leiloadas arrecadaram menos que o esperado. A Wabtec (MG) entregou, ainda nesse semestre, a Locomotiva AC44 de número 500 para ser mais uma a transportar nossas riquezas. Esta máquina diesel com geração de corrente alternada é produzida aqui no Brasil, criando uma curva de aprendizado dentro da indústria ferroviária brasileira e gerando muita riqueza direta e indireta para o nosso país. Isso só mostra que uma política séria e dirigida para o setor destina melhor o dinheiro público associando concessões e renovações antecipadas, gerando investimentos cruzados. Tudo isso se irradia de maneira geométrica. 

    Haverá uma geração de empregos em Minas Gerais e em todos os outros Estados que contaram com investimentos neste setor. São investimentos em infraestrutura, educação, saúde, segurança e transportes, áreas fundamentais para o futuro brasileiro. Aquele modelo passado que visava o interesse do empreguismo estatal desenfreado está chegando ao fim. Não há país que aguente tamanho peso. A soma dos interesses público e privado ainda trarão a redenção ao povo brasileiro. 

    Este é o novo Brasil que surge, que também prioriza o sistema ferroviário, conservando estradas, diminuindo acidentes e tornando o transporte mais barato, sem falar da inclusão do nosso sonho ao retorno do transporte de passageiros. É o governo Bolsonaro colocando o Brasil nos trilhos novamente.


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